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Como envolver a família no processo de aprendizagem das crianças e dos jovens?

Palestrante, Pedagogo, Escritor, e Mentor

A docência é constituída do fazer junto e do coparticipar. Isto vale para os pais também!
Fazer junto como jovem, mostrando a ele as possibilidade e os caminhos.

Fazer junto como jovem, mostrando a ele as possibilidade e os caminhos.

Sempre que me fazem essa pergunta confesso que fico bastante empolgado. Para mim não importa se ela vem da direção da escola, da coordenação pedagógica, da professora, da mãe ou do pai. Só o fato dessa pergunta ser feita, já é um indicativo de que há a preocupação em reforçar e levar um novo estímulo ao processo educacional das crianças e dos jovens, tornando-o mais efetivo e completo.

A aprendizagem é um processo. Como todo processo, o de aprendizagem segue algumas etapas que são colocadas em prática com o uso de técnicas variadas e entre elas está a didática. Essas técnicas, porém, variam sua eficiência de pessoa para pessoa. Por exemplo, algumas crianças têm mais facilidade para entender assuntos que exijam mais do raciocínio abstrato delas, o tal do “fazer de conta”. Para essas crianças a representação da noção de espaço, de volume e de conteúdo é muito mais fácil do que para as outras crianças. Assim, assuntos como geometria, aritmética e geografia regional se tornam de entendimento muito fácil para elas.

Como envolver a família no processo de aprendizagem das crianças e jovens

O equilíbrio entre racional e emocional deve ser buscado e orientado em todas as oportunidade

A didática é uma técnica adaptável aos mais diversos contextos de aprendizagem. Professores e professoras estudam diversas metodologias de ensino para serem aplicadas a diversos tipos de conteúdo. Essas metodologias funcionam bem para uma parcela de estudantes, funcionam mais ou menos para outra parcela de estudantes e simplesmente não funcionam para outra parcela dos estudantes. Para os casos no qual a metodologia não funciona ou funciona mais ou menos, há basicamente dois caminhos possíveis. O primeiro é buscar metodologias alternativas, aplica-las e verificar qual se mostra mais efetiva, levando a aprendizagem. A segunda, mais demorada e de difícil execução, consiste na adequação da metodologia aos estudantes para os quais as metodologias anteriores não se mostraram efetivas ou mesmo a criação de uma nova metodologia.

Como envolver a família no processo de aprendizagem das crianças e jovens

Criança devem ser estimuladas a questionar e argumentar buscando o entendimento e não a aceitar passivamente.

Cada escola, não importa se é mantida pelo poder público ou por uma iniciativa privada, adota um determinado tipo de pedagogia, também conhecida como linha pedagógica que pode ser pura, ou seja, adota uma pedagogia específica, ou adaptada, quando combina dois ou mais tipos de pedagogia. Cada tipo de pedagogia traz em sua concepção orientações teóricas e metodológicas que são aplicadas no processo educacional. Por exemplo, a linha pedagógica conhecida como Tradicional que surgiu no século XVIII objetivando universalizar o acesso ao conhecimento pela transmissão de conteúdo pelo professor, tem preocupação com a disciplina do estudante, muito mais rígida, e também um forte apelo para “passar no vestibular”. A linha conhecida como Construtivista foi concebida por pelo filósofo suíço Jean Piaget e propõe que a criança construa seu próprio aprendizado partindo do que ela já traz consigo e o professor passa a ser um mediador do processo. E há também outras linhas como por exemplo: Waldorf, Democrática, Montessoriana, Tecnicista, Libertadora e Renovada.

O jovem pode ser compreendido se o adulto proporcionar o espaço para que o jovem se mostre.

O jovem pode ser compreendido se o adulto proporcionar o espaço para que o jovem se mostre.

Independentemente da linha pedagógica adotada, toda escola precisa ter o seu Projeto Político Pedagógico (PPP) ou simplesmente projeto pedagógico. O projeto pedagógico é um documento no qual a escola torna legítimo através da participação da comunidade escolar (gestão da escola, docentes, alunos e pais) o conjunto de ações que essa comunidade entende mais adequada ao aprendizado dos alunos que estudarão naquela escola. E por ser assim, um PPP é construído sob medida para a escola, assim como cada escola é única, pois está inserida em uma comunidade única com necessidades e demandas também únicas.

O envolvimento da família no processo de aprendizagem das crianças e dos jovens começa com essa mesma família (pai, mãe ou responsável) preocupando-se em questionar objetivamente para a Direção Geral da escola onde seu filho(a) irá estudar, pelo menos: a) Qual é projeto pedagógico dessa escola? b) Como e quando é feita a revisão periódica do projeto pedagógico e quem participa dela? c) Em quais momentos a família participará da rotina escolar e se envolverá no processo de desenvolvimento da aprendizagem da criança ou do jovem? d) Qual linha pedagógica é adotada na escola? e) Quais métodos são aplicados pelos professores com as crianças e jovens? f) Quais são os espaços e quais são os aparelhos dos quais a escola dispõe para serem utilizados no desenvolvimento integral (social, mental, físico, intelectual e emocional) da criança e do jovem? g) Quais são os métodos que os professores e professoras aplicam para o desenvolvimento do processo de aprendizagem dos jovens e crianças?

As crianças são apenas pequenas, mas não são tolas, mostre a elas que isso é fato!

As crianças são apenas pequenas, mas não são tolas, mostre a elas que isso é fato!

Se as respostas dadas a estas perguntas forem evasivas ou não forem facilmente entendidas pelos pais ou responsáveis é preciso insistir e dizer abertamente que “não entendi”. Que precisa de mais detalhes. Que quer ver na prática. Que quer ver o documento, ter uma cópia dele para ler e saber como foi concebido. Uma escola que não possua uma diretriz clara, específica e simples para que a família entenda o que e como será desenvolvida a aprendizagem que mexerá com a cabeça do seu filho ou filha, estará recebendo uma carta branca assinada pelos pais ou responsáveis para atuar livremente.

Tenho escutado pessoas dizendo com a boca cheia: “Toda grande jornada começa com o primeiro passo.”. Se fosse tão simples assim, bastaria sair fazendo as coisas e pronto, o resultado almejado seria atingido sem maiores dificuldades. Mas, mas verdade, a prática comprova que toda jornada deve ser precedida por um enorme esforço de concepção, ou seja, ter a definição clara e precisa do que se deseja atingir, e um outro esforço tão grande quanto para elaboração do planejamento. Só então o primeiro passo da jornada pode ser dado. É isso que o projeto pedagógico representa: a definição de qual cidadão e cidadã se quer formar para a sociedade e como isso será conduzido. Cabe à cada família, de forma única, integral e intransferível, participar desse processo ativamente, como corresponsável que é pelo processo de aprendizagem de seus filhos e filhas questionando a escola e acompanhando todas as etapas do desenvolvimento das crianças e jovens, não apenas se fazendo presente, mas efetivamente se envolvendo em todo o processo.

A docência é constituída do fazer junto e do coparticipar. Isto vale para os pais também!

A docência é constituída do fazer junto e do coparticipar. Isto vale para os pais também!

Deixo com vocês pais, mães e responsáveis um teste na forma de questões inquietadoras sobre seu envolvimento no processo de aprendizagem de seu(s) filho(a)(s):

  • Você conhece o projeto pedagógico da escola onde estuda(m)?
  • Você se envolve no processo de aprendizagem se fazendo presente na escola, entendendo o avanço e quais metodologias permitem que aprendam melhor?
  • Você conversa com seu(s) filhos(as) sobre a evolução de aprendizagem dele(s)?
  • Você entende que é o único responsável pela educação do(s) filhos(as)?
  • Você vai à escola pelo menos uma vez ao mês para falar com direção/coordenação/professores especificamente sobre a evolução da aprendizagem dos filhos(as)?

Se você respondeu “não” para quaisquer dessas questões, convido você a repensar suas prioridades em relação ao futuro de seu(s) filho(as).

*Professor Marcus Garcia é palestrante, escritor, pedagogo e mentor. Possui Mestrado em Ciência, Gestão e Tecnologia da Informação, Especialização em Gestão do Conhecimento nas Organizações e Graduação em Pedagogia. Autor de dezenas de livros e artigos nas áreas educacional, motivacional e técnica. Site: http://www.marcusgarcia.com.br

 

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